Participar do Projeto de Agentes de Leitura foi um privilégio para mim. Meu primeiro contato com este projeto do governo do estado foi na condição de família atendida pelo mesmo. Porém, desde o lançamento do primeiro edital, em 2006, de seleção para a escolha, eu estava inteirado a respeito de sua existência e não me candidatei a uma vaga pelo fato de ser menor de idade. Todos os demais requisitos eu possuía: gosto pela leitura, haver desenvolvido trabalho voluntário e, ainda, ter realizado atividade relacionada à leitura. Por isso, fiquei um pouco descontente: por saber que tinha a qualificação necessária e não poder participar do processo seletivo.
Mas, como tudo acontece naturalmente, no ano de 2009 houve um edital para a seleção de mais um Agente para Itapiúna, por haver uma vaga em aberto. Agora, com todos os requisitos necessários, inclusive a idade, pude candidatar-me a essa vaga. E então, após passar por duas fases seletivas, tornei-me um Agente de Leitura.
Após fazer algumas capacitações em Agente de leitura, iniciei minhas atividades no início desse ano. O mês de janeiro foi dedicado para o cadastramento das 25 famílias que iriam ser por mim atendidas. Depois de passar por várias casas e expor o Projeto às famílias, com a recusa de uns e aceitação de outros, em fim estavam selecionadas as famílias.
Agora iria partir para a visitação. O período de visitação foi a teoria posta em prática de tudo o que tinha aprendido durante todas as capacitações. Posso afirmar que esse período foi de bastante aprendizado tanto para mim quanto para as famílias. Ao visita-las, estava conhecendo novas pessoas e aprendendo com elas. Também aprendi muito com os livros que durante esse período ficaram sobre minha responsabilidade e, de igual modo, as famílias aprenderam algo de mim, bem como também obtiveram grandes lições a partir das leituras das obras que lhes eram emprestadas.
Acredito que a minha visita às casas de famílias foi de grande valia, pois desse modo estava dando acesso a essas pessoas aos livros, assim democratizando esse bem cultural que ainda é tão pouco difundido e valorizado em nosso país. Ao visitar, abria a oportunidade, também, da família ter no Agente, um meio tomar livros emprestados sem sair de casa.
Vi nos Agentes de leitura uma oportunidade de poder ajudar a transformar a minha comunidade, que assim como a maior parte de nosso país, não tem a acesso à livros, numa comunidade onde as pessoas conheçam outras realidades e que possam transformar suas vidas e sua visão de mundo a partir da leitura.
Agora, após o término de nossas atividades, fica a sensação de dever cumprido. Fomos como uma porta para que as famílias pudessem adentar num mundo diferente (o mundo da leitura) e, que estando nesse novo mundo, temos a certeza de que elas já estão aptas a caminharem com suas próprias pernas.
Francisco Edinardo de Carvalho Santos,
Agente de Leitura.
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